quinta-feira, 7 de março de 2013

Life in Technicolor: o surgimento do cinema em cores

Por que o surgimento do cinema em cores não foi apenas uma técnica, mas uma nova perspectiva para a humanidade?

Sensações, reflexões, perspectiva, imaginação. São várias as formas de manifestação artística que podem ser transmitidas com a mistura de cores em produções cinematográficas. Destacar certa cor (ou destacar cor nenhuma) é uma forma de transmitir uma mensagem e moldar uma perspectiva em torno de uma história, seja ela real ou não. No cinema, principalmente, essa forma de brincar com cores se tornou técnica. E essa técnica, desde o surgimento do cinema em cores, faz com que filmes e produções possuam olhares tão diferentes uns dos outros. 


Imagem: Tumblr.com

Em fins do século XIX, o cinema passou a divertir e intrigar plateias de todo o mundo, mesmo com imagens em preto e branco e com a ausência de som. A sequência de imagens relacionadas ao cotidiano pacato era deslumbrante e, graças aos irmãos Lumière, o cinema se tornou item constante na programação de um imenso público. Público que, consequentemente, passou a buscar novos olhares e perspectivas da vida real (e, até mesmo, da fantasia) através de produções cinematográficas. Com a popularização do cinema, vieram novas tentativas de modernização e de tonalizar ainda mais o cinema com elementos da realidade. Um desses elementos foi a imagem colorida. As primeiras tentativas de dar cor ao cinema foram feitas manualmente. Na década de 20, tons de sépia, azul e verde foram utilizados para trazer um tom natural aos filmes americanos, brasileiros e europeus. O uso de filtros coloridos nos processos de filmagens também foi uma técnica que caracterizou a era dos filmes bicolores e a tentativa de deixar as imagens cada vez mais vivas. 

A empresa Technicolor foi pioneira na produção de animações
 coloridas. Seu cliente favorito era Walt Disney.
Foi a empresa norte-americana Technicolor, por sua vez, que transformou o sonho do cinema em cores em realidade. Os experimentos envolviam uma película que filmava em três cores em uma câmera de três elementos. A luz era projetada nas cores primárias, dava ênfase aos tons brilhantes e fez com que a impressão de cor fosse real. Na década de 30, o fundador Herbert T. Kalmus, traz seus experimentos ao mundo de Walt Disney. A cobaia foi a animação “A Branca de Neve e Os Sete Anões” (1937), que seguiu a lógica da Technicolor na projeção de luz em películas coloridas. O processo foi ganhando destaque e, a partir de então, outras agências cinematográficas como a Gevacolor (Bélgica) e Ferraniacolor (Itália) passaram a surgir, utilizando a “técnica arco-íris” em seus filmes. 

Com o surgimento de uma concorrente de peso – a televisão –, empresas cinematográficas começaram a investir na expansão da imagem, melhoria do som e aperfeiçoar o que foi tornado, então, colorido. Novas películas foram criadas, para que a luz pudesse atingir uma gama ainda maior de cores e as câmeras ficaram cada vez mais leves, para facilitarem o processo de filmagem. Filmes de gênero musical se destacaram entre outros, por apresentarem um movimento que mistura cores, coreografia e som. As atrizes Maria Montez e Carmen Miranda se destacaram por abusarem das cores fortes e vivas em suas aparições. O uso de cores, porém, não se restringiu apenas aos filmes. 

A publicidade também passou a adotar técnicas de destaque de cores e de sobreposição de tons para chamarem a atenção em suas exibições. Elementos como a estética e beleza, antes tomados pelo preto e branco em produções anteriores, passaram a ser exibidos como estratégia de Marketing. A empresa Wella, por exemplo, vendeu mais de 5 milhões de tubos de Koleston, o creme colorante para cabelos. Isso porque o público passou a observar as diferentes cores de cabelo das atrizes na tela, pois tinham a possibilidade de ver uma sequência de imagens coloridas. A cor passa a ser, não somente uma técnica cinematográfica, mas um instrumento capaz de despertar sensações, emoções e desejos, sendo um dos elementos de comunicação mais importantes para a nossa atualidade. 

Foto: Reprodução
LEGAL DE SABER:

O primeiro filme brasileiro em cores foi “Destino em Apuros” (1953), dirigido por Ernesto Remani e lançado pela empresa Multifilmes. A produção do filme foi muito cara, pois a revelação das películas eram feitas nos Estados Unidos. Com o destaque (por ser um filme colorido), muitos atores participantes do filme como Ítalo Rossi, Paulo Autran e Sérgio Brito fizeram história no cinema, TV e teatro brasileiro.




PRIMEIRAS IMAGENS COLORIDAS EM MOVIMENTO:


Texto: Isabela Bandeira Saciotti
Edição: Hellen Albuquerque
Imagem: Reprodução/Tumblr.com

1 comentários:

Unknown disse...

legal!
otimo video de primeiras imagens em movimento e cor.
só observando q as experiencias com cor existem desde o inicio do cinema. o próprio melies fez, pintando a película.
outra coisa - não usaria a primeira ilustração. ainda que vcs citem a T¨V, não parece muito pertinente à postagem atual, de inicio do Cinema.

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