domingo, 28 de abril de 2013

Imagem da Semana

I'm waiting in this cell because I have to know... have I been guilty all this time?
O live action The Wall, produzido no ano de 1982 por Alan Parker, é baseado no álbum The Wall, da banda Pink Floyd. A história do ópera-rock conta o trauma que persegue Pink (vivido por Bob Geldof) após a morte de seu pai na Segunda Guerra Mundial. Tal trauma é representado pelo Muro (o The Wall), que sofre rupturas, aos poucos, através da busca de memórias que fazem com que o personagem una os fatos para entender o que aconteceu no passado e o que fez com que ficasse tão depressivo.

A produção, repleta de significados e trocadilhos com momentos da história (como na imagem, por exemplo, onde Pink ilustra seu professor como um neonazista), cria diversas interpretações por parte do espectador. Segundo o site IMDb, o filme arrecadou $22 milhões de dólares apenas nos Estados Unidos.

Abaixo, o "último ato" do filme The Wall, que une todos os traumas do personagem principal, Pink, em uma única sequência:

quinta-feira, 25 de abril de 2013

Aniversariante do Mês



         O ator americano, descendente de italianos, Alfredo James Pacino faz, hoje, 73 anos.

Nascido em East Harlem – um bairro pobre de Nova York  – cresceu junto com seus avós e sua mãe, Rose Pacino (que faleceu em 1962). Seu pai, Salvatore Pacino, deixou a família quando o artista tinha apenas dois anos. Ele foi superprotegido até os 7 anos e, já que não podia sair de casa, passou parte de sua infância imitando os personagens de filmes que assistia. Melhorou ainda mais sua improvisação na escola, pois contava aos colegas histórias de que, por exemplo, morava no Texas com seus 10 cachorros. É claro, todas elas eram apenas fruto de sua imaginação, mas até então, convencia a todos. Al Pacino não era um aluno exemplar, mas os professores passaram a encorajá-lo a ler trechos da Bíblia nas reuniões do colégio e participar de peças escolares. Mesmo assim, era desmotivado com os estudos, então largou a escola e começou a trabalhar nas mais diversas funções. Nesta época, ainda atuando nos palcos, sofreu uma grande depressão pela condição de pobreza em que vivia. Além de ter que pedir dinheiro emprestado para pagar seu transporte às audições, Al Pacino confessou em 2009, a uma entrevista do San Francisco Chronicle, que chegou a se prostituir. "Aos meus 20 anos, eu morava na Sicília vendendo o único bem que eu tinha: meu corpo. Uma mulher mais velha negociava alimentação e moradia em troca de sexo. Acordei  manhãs sem amar a mim mesmo de verdade", ele revelou.

Durante a década de 60, Al Pacino estudou com Lee Strasberg, na Actor Studios, mesmo professor de Marlon Brando, James Dean e Marilyn Monroe. Começou a se apresentar em teatros cada vez mais renomados e em 1969, estreou seu primeiro longa-metragem, a comédia dramática Me, Natalie. Dois anos depois, seu talento iria chamar a atenção do diretor Francis Ford Coppola,    ao atuar em The Panic in Needle Park, interpretando um viciado e pequeno traficante. Assim, foi chamado para desempenhar o papel de Michael Corleone em The Godfather,  que viria a ser seu trabalho de maior sucesso.
A decisão do diretor foi contra a vontade do estúdio e dos produtores, que queriam um nome forte para contracenar com Marlon Brando. O chamavam de “anão Pacino” (sua altura é de 1,70m) e ameaçavam constantemente sua demissão. Quando o filme estreou as criticas desapareceram, já que em algumas cenas Pacino chegou até mesmo a ofuscar Brando. O filme que conta a história da família mafiosa Corleone têm duas sequências (The Godfather Part: II e The Godfather Part: III). Ganhou três Óscars, cinco Globos de Ouro, dois Prêmio David di Donatello, um BAFTA e um Grammy.

Nos anos 70, Al Pacino foi um dos nomes mais fortes do cinema norte-americano. Em And Justice For All (1979), ele começa a dar sinais de uma maturidade extremamente precoce. No entanto, todos os elogios que recebeu nessa década se transformaram em críticas ruins nos anos 80. Além de outras obras terem fracassado, Revolution (1985) foi considerado um dos piores filmes de todos os tempos. Isto acabou contribuindo para o afastamento de Al Pacino à Hollywood. Ele se manteve no teatro, e apenas em 1989 regressou ao cinema, estreando o filme Sea of Love. A partir disso, fez uma série de filmes e finalmente, em Scent of a Woman (1992) de Martin Brest, venceu seu primeiro, e único, Óscar para Melhor Ator; ele tinha sido apenas indicado (sete vezes) até então, o que para os fãs é considerado totalmente injusto, já que em The Godfather: Part II ele desempenhou o papel de forma impecável e portanto, também merecia o prêmio.

Imagem: Tumblr.com
Al Pacino foi um dos únicos atores veteranos a jamais se casar, porém se relacionou com várias mulheres que geraram seus filhos. A atriz Beverly D'Angelo, deu a luz a gêmeos em 2001 e a professora de interpretação Jan Tarrant ficou grávida de uma menina, Julie Marie.
Neste mês, o artista falou sobre sua carreira ao jornal El País, declarando que não sabe o que a palavra “aposentar” significa. Explicou que não tem o porquê recusar um trabalho em que se interessa. Este ano, já está sendo produzido Gotti: In the Shadow of my Father, mais um filme de máfia em que Al Pacino irá atuar junto à John Travolta, Joe Pesci e Lindsay Lohan. A data de lançamento previsto será dia 13 de maio de 2013. 

Texto: Helena Bianchi Góes
Edição de texto: Hellen Albuquerque
Edição de imagens: Isabela Bandeira Saciotti

sexta-feira, 19 de abril de 2013

Entre a pipoca e o botão “x”



Como o espectador encara as adaptações feitas entre videogames e filmes, e como o processo de produção influencia nessa visão


Até alguns anos atrás existiam dois universos completamente diferentes dentro do entretenimento: o do cinema e o dos videogames. Ambos necessitam de um processo criativo muito semelhante e, unidos, formam uma das potências que mais ganham destaque na atualidade, mesclando imaginação, emoção e envolvimento e conquistando seu público a cada lançamento no mercado.

Bruno Mikoski e Rodrigo Bellão, diretores de criação da empresa de desenvolvimento de jogos digitais Monster Juice – The Brave Games Studio, afirmam que o número de gamers hoje cresce em ritmo acelerado. Com o maior acesso às tecnologias, a inclusão digital e o lançamento de consoles, como o Nintendo Wii, o preconceito de que jogar é uma atividade apenas de “nerds” desaparece lentamente. Além disso, há atualmente jogos de celulares para quem não costumava jogar. Todos esses fatores contribuem para o aumento deste mercado, que agrada cada vez mais os mais diferentes públicos. “Acredito que os velhos de nossa geração vão ser jogadores. Eu não tenho a menor dúvida disso”, diz Mikoski.


"007: Goldeneye" (1995) foi fielmente adaptado para o game,
se tornando um dos jogos mais vendidos nos anos 90
A partir da década de 90, com a ascensão do mundo dos games, passou a ser comum ver filmes baseados em jogos, como o mundialmente famoso “Lara Croft: Tomb Raider”, e jogos baseados em filmes, como “007: Goldeneye”, que foi um dos jogos mais vendidos nos anos 90, ultrapassando a marca dos US$ 250 milhões apenas nos Estados Unidos.
Consumidores de ambos os produtos já perceberam que o  processo de produção e construção de filmes e games são muito parecidos. Para o diretor da Evolução Filmes, Diego Stavitzki, a convergência entre os dois é natural. “O vídeo game proporciona uma experiência de interação entre jogador e narrativa mais profunda que o cinema, visto o tempo que o jogador fica em contato com o jogo, conhecendo cada vez mais a história e o universo dos personagens. Quando o jogador vê este repertório transportado para as telas do cinema, a identificação é imediata”, afirma.
Stavitzki também acredita que a adaptação de jogos para filmes é um exercício de transporte de ideias que muda apenas de um suporte para outro e ressalta que o elemento principal a ser construído e moldado é o roteiro, um dos itens mais importantes no cinema. “Para mim, o maior desafio é transformar um personagem e uma história superficial em personagem de verdade, com emoções reais, em quem o público acredite e se identifique. É na construção do roteiro que encontraremos o ‘pulo do gato’ ou ‘save the cat’ como diz o autor Blake Snyder. Só assim o filme terá uma carreira de sucesso”.

Stavitzki acredita que adaptações cinematográficas de jogos podem ter sucesso se forem bem executadas. “O sucesso dos filmes baseados em jogos se resumem em uma simples receita: um bom roteiro”. Ele relembra o filme “Lara Croft: Tomb Raider” (2001), no qual a atriz Angelina Jolie dá vida à heroína dos games.  Para ele, o diretor Simon West trabalhou impecavelmente com detalhes característicos do jogo e com a trilha sonora, porém foi um fracasso de bilheterias por conta da expectativa projetada pelo público. “Muitos apontaram que não houve empatia pela personagem interpretada por Angelina com o público e, por isso, o filme não foi o sucesso esperado. A frieza da personagem dentro do jogo não funcionou nas telonas. Parece que o público tem expectativas diferentes nestas duas plataformas”, afirma o diretor curitibano.

O diretor Diego Stavitzki diz que a adaptação Lara Croft: Tomb Raider (2001) foi fiel ao jogo, mas a atuação de Jolie não agradou ao público
O desenvolvimento de uma boa trama é um importante ponto a ser analisado no processo de adaptação de filmes e jogos, afirma Rodrigo Bellão. “O jogador que procura determinado jogo por causa de uma história que já conhece, já tem um laço diferenciado com a trama, diferentemente do jogador que se interessa por um jogo por aspectos como a projeção gráfica e o gameplay, por exemplo, e que demora a ficar entretido com a história de um game”, diz. Ele observa que o mesmo ocorre em produções cinematográficas, onde espectadores que procuram filmes por conhecerem a trama originalmente vinda de um jogo de videogame, esperam assistir e reconhecer os mesmos detalhes, personagens e o ‘feeling’ que o game proporciona ao jogador.
Vinicius Godoy, professor de Jogos Digitais da PUCPR, acredita na existência de filmes que deram muito lucro aos seus produtores por serem baseados em videogames e que ganharam a atenção de jogadores e espectadores. “Um exemplo de filme que se tornou sucesso é o Mortal Kombat, que agradou a visão dos jogadores mais fiéis”, diz. “Os novos jogos da série Mortal Kombat que estão sendo lançados recentemente, passaram a ter histórias mais elaboradas, principalmente para serem possivelmente adaptados para filmes”.


O lendário jogo Mortal Kombat ganhou uma versão cinematográfica que, segundo Vinicius Godoy, agradou aos espectadores e gamers fanáticos
O professor também mostra um fenômeno recente da mescla cinema e games, os chamados ‘filmes interativos’. “Um exemplo de jogo que ganhou fama por ter uma boa trama, uma boa trilha sonora e produção gráfica é ‘Heavy Rain’, da Quantic Dream. A ação se torna quase secundária, pois a trama é muito bem fundamentada”, afirma Godoy. Ele conclui dizendo que o grande desafio do cinema é produzir uma adaptação que não resulte na perda de vínculos entre jogador e jogo e que agrade ao público que não tenha atenção voltada aos games. “O público que cresceu jogando [os games] é muito crítico e observador nesse ponto”, finaliza o professor, que confessa ser um gamer desde pequeno.


O ' filme interativo' Heavy Rain, para Godoy, é um jogo que ganha destaque pela trilha sonora e pela trama, o que faz com que o jogador queira saber qual o final da história

Em suma, é perceptível que, com a fusão do universo cinematográfico e do universo ‘gamer’, as formas de produção de adaptações passam a ser mais elaboradas, garantindo efeitos visuais detalhados, uma trilha sonora emocionante e histórias que têm a capacidade de tirar o fôlego de seu público. A realidade e a ficção andam de mãos dadas nesse conjunto, tornando ainda mais nítida a relação entre o espectador e a tela, e evidenciando os efeitos que um bom roteiro – como disse Stavitzki – podem causar no nosso imaginário.



Texto: Isabela Bandeira Saciotti e Helena Bianchi Góes
Reportagem: Helena Bianchi Góes e Natalia Concentino
Edição de imagens: Isabela Bandeira Saciotti