quinta-feira, 21 de novembro de 2013

O Simulador de Mistérios

Em um depósito, durante um pequeno intervalo em meio à jornada de trabalho, três funcionários iniciam um conversa intensa e misteriosa sobre um suposto crime que teria acontecido. Inquietos e lutando contra o tempo, barulhos misteriosos no depósito surpreendem as personagens e dão a impressão de ter uma quarta pessoa no mesmo ambiente os espiando.


Curtiu?
Este é “Detetive”, o mais recente curta-metragem da Agência Caleidoscópio que está com estreia marcada para novembro!
Um roteiro assinado por Helena Salgado e Natalia Concentino, deram vida a história de Beatrice, Roger e Antonio. Atuados por Ana Luiza Fernandes, Gabriel Stocco e Marcus Vinicius, além da participação especial de Matheus Alves, a produção ficou por conta de Helena Bianchi e Caio Rocha. Em matéria de edição e arte gráfica, Isabela Bandeira foi a responsável.

Em dois dias, as gravações foram realizadas no estúdio de fotografia do Campus de comunicação da PUCPR. Em um primeiro momento, a equipe se reuniu para ensaio, posicionamento de câmeras – três câmeras no total - detalhes de cenário e o mais importante: interação entre os atores. Com tudo pré-definido, estavam todos preparados para iniciar as filmagens. Ao longo de um sábado, a Agência conseguiu realizar seu trabalho. 
Foram três meses de intenso trabalho para a realização do projeto.
A ideia inicial da equipe era a de mesclar elementos cômicos cotidianos – como a interação informal entre amigos através de um jogo de tabuleiro – e o mistério, criando um ambiente de expectativas e de obviedade. Partindo deste conceito, a Agência Caleidoscópio baseou um roteiro de mistério envolvendo o jogo de tabuleiro Detetive. O simulador Detetive tem como objetivo a simulação de uma mansão com cômodos e objetos misteriosos, onde o jogador deve descobrir, através de dicas presentes no jogo, quais de seis suspeitos (cujos nomes são ou lembram cores específicas), armas e aposentos estão envolvidos em um crime de assassinato.

Enquanto aguardamos a estreia, confira os teasers de Detetive:





Ficha Técnica:
Agência Caleidoscópio (2013)
“Detetive”
Gênero: Suspense/Comédia
Duração: 9min34s
Elenco: Ana Luiza Fernandes, Gabriel Stocco, Marcus Vinicius e Matheus Alves.
Trilha sonora: Sabbat Schwarzer Highway
Roteiro: Helena Salgado e Natalia Concentino
Direção: Helena Salgado
Produção: Caio Rocha e Helena Bianchi
Edição e Fotografia: Isabela Bandeira


sexta-feira, 27 de setembro de 2013

O homem que não existe

“Eu sou o Senhor Ninguém, o homem que não existe.
Eu tenho 9 anos, e corro mais rápido que um trem.
Eu tenho 15 anos, e estou apaixonado.”



São com essas descrições, quase poéticas, que começa Mr. Nobody. Não é aquele filme aclamado pela crítica, talvez por não ser americano e sim canadense, ou por não ter um Martin Scorsese na direção, nem Meryl Streep no elenco, uma série de escolhas não quis que o filme fosse conhecido, nem líder de bilheteria, mas não tirou sua qualidade.
Ficção científica é sempre um gênero complicado, não dos meus prediletos preciso dizer, colocar uma história por trás de tantas fantasias tecnológicas nem sempre tem um resultado feliz, essa é uma exceção. 

Até porque envolve drama, romance, fantasia, vários gêneros misturados inteligentemente em um roteiro não linear. É 2096, e com 118 anos Nemo é último mortal no planeta. O ser humano descobriu uma forma de se manter jovem e eterno, como último exemplar de uma raça de dias contados seu cotidiano é retratado em reality show para o resto da humanidade, em que ele conta como foram suas vidas.

Suas vidas, porque existem inúmeras possibilidades. É disso que filme trata, além de todas as teorias físicas, como a das cordas, do caos e da entropia –o que deixa qualquer fã de Donnie Darko feliz- existe uma indagação sobre escolhas e como elas podem influenciar nosso futuro.
Escolher uma bomba de chocolate a um rocambole de morango, comprar uma vara de pescar, ter filhos ou não, entre Jean, Elisa e Anna... Três mulheres, três destinos completamente diferentes, mas qual seria o verdadeiro? Quais seriam apenas imaginação? 

O desenrolar passeia por essas prováveis escolhas e vai de cada um decidir qual viver. Chegar a crise existencial de que na verdade somos apenas um rabisco mal feito de um mundo de ideias perfeitas e inabaláveis (obrigada, Platão) também pode ser uma conclusão, por assim dizer. Mas mesmo para aqueles que não queiram divagar no meio de tantas teorias, nem filosofar, a história reserva boas duas horas de entretenimento, unindo um futuro incerto com a possibilidade da escolha, e não é esse o grande dilema da vida? Como diria Nemo: “Não tenho medo de morrer, tenho medo de não ter vivido o suficiente”.

Parte técnica:
Para diferenciar cada uma dessas escolhas as cores do filme são essenciais, é perceptível o cuidado da direção de arte e fotografia, Jean é amarelo, Elisa, azul e Anna vermelho, as cores se seguem durante todo o filme identificando cada teia e tem seu significado, amarelo do sucesso profissional e saúde, azul para frieza emocional cheia de depressão e o vermelho de amor e paixão. Nemo, no futuro, é branco para designar que tudo ainda é possível, ainda pode ser escrito.

Meu ponto de encontro entre tudo foram os olhos incrivelmente azuis de Jared Leto, que combinaram perfeitamente com os de Diane Kruger, minha queridinha no enredo feito por Jaco Van Dormael. Preciso destacar a maquiagem, que fez com que esses olhos se perdessem em rugas e entrelinhas de um homem de 118 anos.

No IMDb a avaliação é de 7.8, e a trilha sonora é algo que é preciso ser comentado, o responsável foi o irmão do diretor Pierre Van Dormael, é fácil perceber que ele adora trabalhar com versões de uma mesma música. Criou duas para o filme: Undercover- que tem duas versões, uma para o início do filme e outra para momentos românticos- e Mr. Nobody, também com duas versões. “Mr. Sandman” é a música mais tocada, mas em três versões diferentes e em momentos também, temos a interpretação de Emmylou Harris, The Chordettes e Gob, e a letra combina perfeitamente com... tudo! Destaque para Buddy Holly e sua fofura diretamente dos anos 50, com Every Day.

Muita música erudita, com Erik Satie e Gabriel Faure. E rock com Pixies, “Where’s my mind” – que todo filme quer de trilha, né? No roteiro tiveram também o cuidado com o Tempo, coloco em letra maiúscula porque é quase um personagem na história, que vai e volta, e também é relembrada com a teoria do Big Bang e espaço contínuo. Bem, Mr. Nobody é um daqueles filmes que você PRECISA ver mais de uma vez, para conseguir absorver tudo que é apresentado.

Hellen Albuquerque

sábado, 21 de setembro de 2013

Um jogo de apostas


Com um elenco recheado de atores talentosos como Ben Affleck, Justin Timberlake, Gemma Arterton, Anthony Mackie, David Costabile, Sam Palladio, Ben Schwartz, Oliver Cooper e Michael Esper, vem ai nos cinemas no mês de outubro Aposta Máxima. O longa, comandado por Brad Furman, conta a história de Richie (Justin Timberlake), que é um estudante de Princeton, e acredita que está sendo passado para trás. 

Decide, então, ir para a Costa Rica, encontrar o chefe das apostas online Ivan Block (Ben Affleck). Richie fica impressionado com o poder e o dinheiro de Block, quando o FBI tenta convencer Richie a ajuda-los na prisão do seu então chefe. Agora o universitário está estimado a lutar a favor ou contra as duas forças que o pressionam. 

Com data prevista de lançamento em 04 de outubro de 2013 e orçamento estimado em 5 milhões de dólares, a Distribuidora conceituada Fox Film aposta nesse Drama/Suspense para que ele arrebata o gosto do público jovem.


Confira o trailer do filme:


por Caio Rocha

Em questão da relevância de gêneros

A sexualização de personagens femininas no cinema é evidente. Valorização de curvas, sex-appeal e de todo um potencial sexual da mulher, de forma geral, são representados por personagens que permanecem no imaginário do público em forma de Mulher Maravilha, Mulher Gato e diversas outras que se tornam ícones de filmes de ação. São destemidas, corajosas, bem resolvidas, belas e possuem qualidades que qualquer mulher moderna deveria possuir. No entanto, esse “padrão feminino” de qualidade tem alguma relevância nas histórias contadas pela indústria do cinema? Essas personagens são, de fato, relevantes?

No mais, essas dúvidas se massificam quando há uma comparação dessas “heroínas” com heroínas que já conhecemos em produções brasileiras e que não seguem tal estereótipo. Zuzu Angel, Dora (de Central do Brasil) e Lisbela são algumas das personagens que marcaram o imaginário cinematográfico brasileiro e que conquistaram o público não pela sua forma sexual, mas por sua relevância no enredo. Tais personagens teriam mesma relevância caso fossem interpretadas por homens? Sandro Luis Fernandes, sociólogo e professor de Sociologia do Colégio Dom Bosco, afirma que a indústria cultural busca valorizar personagens femininas através de uma lógica comercial. Para ele, são poucas as personagens que tentam quebrar o machismo, exemplificando a Mulher Gato como uma delas. “Temos que considerar indústria cinematográfica como estúdios de Hollywood ou Globo Filmes. Então, estaremos falando de indústria cultural. Penso que, nesse tipo de produção, as mulheres normalmente têm um papel que não questiona a estrutura social. Muito frequentemente submissas ou sexualizadas”, diz. “Quando diretoras – mulheres – produzirem mais, haverá um equilíbrio maior nas representações”.

Paulo Biscaia Filho, professor da Faculdade de Artes do Paraná e diretor cinematográfico da empresa Vigor Martins, discorda dessa posição.  Biscaia não vê a escolha de gêneros para personagens como um ponto de partida, mas o valor da história a ser contada. “Tivemos filmes de ação com mulheres, alguns com aceitação melhor, outros nem tanto. São histórias verdadeiramente humanas? Não acredito em segmentação por gênero, raça, nacionalidade, etc. Acredito em bons filmes. Não importa se ele é protagonizado por um ator ou uma atriz”. O diretor vê a indústria cultural cumprir o seu papel em um mundo escapista, que vende corpos perfeitos e sonhos, os quais o público aceita com maior facilidade. “A mulher é sexualizada quase sempre e, algumas vezes, o homem também é. Achei muito interessante a sexualização do corpo de Daniel Craig em 007 Cassino Royale”, diz. “Os padrões de beleza vigentes ou, por vezes, estabelecidos pela própria indústria sempre estarão presentes como parte deste universo escapista”.

Dora, personagem de Fernanda Montenegro
em "Central do Brasil"
Biscaia comenta, ainda, que a discussão é irrelevante para ele. Ele afirma que, em suas produções, a decisão por personagens masculinos ou femininos não é tão importante quanto a relevância do enredo. Diferentemente da indústria cultural, ele enxerga a todos como humanos. “As escolhas doas personagens são unissex. Mulheres erram como homens erram. Mulheres têm virtudes como homens têm virtudes. Como nos relacionamos entre pessoas me interessa mais do que como nos relacionamos entre grupos estatísticos distintos”, diz.

Para o estudante de História de 21 anos, André Felipe Moreira da Silva, a discussão não deve ser esquecida, porque ela é vista como algo aceitável dentro da indústria cultural e os consumidores de tal. André atua em projetos sociais relacionados à violência contra a mulher e afirma que a visão masculina em torno de personagens femininas não se restringe aos meios hollywoodianos. “Esse estereótipo de mulher moderna pode ser analisado através da percepção machista de que a mulher é, e sempre será, um objeto de prazer submisso ao homem, independe das suas capacidades físicas”.

A indústria cultural, porém, não se restringe ao universo de curvas poderosas e mulheres que dependem, nem que infimamente, do universo masculino para que o enredo de qualquer história seja relevante. A cartunista americana Allison Bechdel propôs uma reflexão ao público com o teste pelo qual batizou de “Teste Bechdel”. Para fugir da naturalidade de certos paradigmas como ‘por que maioria dos personagens centrais de filmes são brancos?’ ou a falta de protagonistas mulheres, o teste propõe uma pequena reflexão ao público que vai ao cinema assistir lançamentos. O Bechdel Test mede a relevância e a presença de personagens femininas nos filmes a partir de três questões:
O filme contém:

1. Pelo menos duas mulheres com nomes?
2. Que conversam entre si?
3. Sobre coisas que não sejam um homem?

Um dos quadrinhos feitos por Allison em relação ao Teste Bechdel

Na última edição do Comic Con, Allison afirmou que o questionamento não é uma prática feminista de avaliar se o machismo ainda é presente na sociedade, etc. Para ela, muitos filmes voltados ao público feminino não são “aprovados” no teste, porque as personagens não possuem relevância alguma na história a não ser sua ocupação com outros personagens masculinos.

Em suma, fica a questão: em uma sociedade cinematográfica tão democrática, que oferece inúmeras formas de produção, interpretações e enredos, a relevância de personagens femininas ainda se restringe ao conteúdo sexual, que segue estereótipos de uma indústria cultural?

Agência Caleidoscópio para o blog Cineacademia
Por Helena Bianchi Góes e Isabela Bandeira

sexta-feira, 13 de setembro de 2013

O lado negro do otimismo

O humor está presente na maioria das produções cinematográficas que são lançadas a cada ano. Não importa a trama principal: envolva ela o drama, terror, suspense ou trate de temas polêmicos como a morte, elementos como ironia e humor funcionam como um binóculo, para que o espectador enxergue tudo com uma outra perspectiva. Treinamos nossas formas de interpretação de tais temas drásticos com Tarantino e Burton, e é impossível não relacionar sadismo, loucura ou morte com um tom de ironia assistindo aos filmes desses diretores.

Humor negro, ácido e afiado: a realidade mascarada nos desenhos

A dica de filme para essa semana é simples, divertida e mórbida. De início, fica a questão: até que ponto o pessimismo do ser-humano pode arruinar vidas, fazendo com que percam a vontade de viver? Até que ponto a morte é uma forma de solução contra o pessimismo? "A Pequena Loja de Suicídios" (2012), dirigida por Patrice Leconte, é uma animação francesa que conta a história de uma cidade cujo comércio mais lucrativo é uma loja de artifícios para suicídio. 

Cordas, venenos, armas de vários tipos e vendedores que fazem da persuasão pela morte algo onipresente são elementos que transformam toda e qualquer coisa no pequeno município algo depressivo. Eis que nasce o terceiro filho dos vendedores da loja, quebrando o paradigma de que todos que vivem naquela cidade devem ser tristes, mal humorados e suicidas. É com bom humor e ironia que o pequeno Alain traz um ponto de partida para que o filme fique recheado de risadas e otimismo, mostrando que comercializar o pessimismo e os sentimentos humanos estão fora de questão.


Você pode assistir "A Pequena Loja de Suicídios" no link abaixo.
O filme é legendado em português, com áudio original em francês.



por Isabela Bandeira

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Adaptação da obra de Érico Veríssimo chega aos cinemas com grande elenco

 
O filme O Tempo e o Vento, que tem sua estreia marcada para o dia 27 de setembro, é mais uma produção nacional com um elenco recheado de estrelas televisivas e grandes atores. O longa-metragem é um adaptação livre da obra mais famosa de Érico Veríssimo, O Continente, e conta a história da família Terra Cambará e de sua principal rival, a família Amaral, retratando a formação do Rio Grande do Sul.
A obra explora os 150 anos dessa rivalidade, começando nas Missões e se encerrando no final do século XIX, ainda sob o ponto de vista da luta entre as famílias, é mostrada a povoação do território brasileiro e a demarcação das suas fronteiras, importante para retratar a história do Brasil.
O filme é repleto de heróis, mas mesmo assim, propõe uma reflexão sobre a existência, como o ser humano lida com as guerras e a resistência do homem. Ele é estruturado a partir da visão de Bibiana Terra Cambará, que está com quase 100 anos e usa de suas memórias para contar o que se passou naquela região e a disputa das duas famílias, durante essa volta ao passado, o casarão da família está cercado pelos membros da família Amaral.
O longa é uma produção da Globo Filmes em parceria com a Panda Filmes e distribuição da Downtown, produção de Rita Buzzar da Nexus Cinema e Vídeo. Direção de Jayme Monjardim.
Elenco: Fernanda Montenegro, Cléo Pires, Thiago Lacerda, Marjorie Estiano, Paulo Goulart, José de Abreu e Suzana Pires.
 
Confira o trailer logo abaixo:
 
Por Natalia Concentino

segunda-feira, 26 de agosto de 2013

Os mais interessantes psicopatas do cinema


Sangue, violência, morte e nenhum sinal de arrependimento. São muitos os filmes que abordam a psicopatia, seja ela como um ponto mórbido em filmes dramático ou, até mesmo, com um viés cômico (muito comum em filmes de Tarantino, por exemplo). Confira quais os filmes que achamos mais interessantes que envolvem a doença como tema principal.

Sete Psicopatas e Um Shih Tzu (2013) é dirigido por Martin McDonagh, com um roteiro original que
utiliza por muitas vezes a metalinguagem (filmes falando sobre filmes, no caso). O ator Colin Farrel, que já tinha aparecido em Na Mira do Chefe (In Bruges) do mesmo diretor, interpreta Marty, um irlandês alcoólatra que pretende escrever um roteiro sobre sete psicopatas, mas que passa por um bloqueio criativo. Ele vive brigando com sua namorada Kaya (Abbie Cornish) e bebendo com seu estranho amigo Billy (Sam Rockwell), que ajuda a criar os personagens. Billy ganha a vida, junto a Hans (Christopher Walken), sequestrando cachorros e depois devolvendo-os para ganhar o dinheiro do resgate. A situação começa a complicar quando, em meio ao conflito amoroso de Marty, um mafioso psicopata chamado Charlie (Woody Harrelson) vai atrás de quem roubou seu bem mais preciso e amado: seu cãozinho Shih Tzu. Os diálogos contém um humor negro inteligente, obtendo assim um filme nada convencional e com bastante sangue. Sete Psicopatas e Um Shih Tzu venceu o prêmio Midnight Madness no Festival de Toronto em 2012, antes do lançamento. Confira o trailer do filme aqui


O polêmico Psicopata Americano (2000), de Mary Harron, é uma adaptação do livro de Bret Easton
Ellis, que foi uma das ficções mais repudiadas de todos os tempos. Assim, o filme trata sobre o personagem Patrick Bateman (Christian Bale): Um jovem bonito e bem sucedido, que assim como seus amigos e colegas de trabalho, está inserido na high society. Sua vida vista de um ângulo superficial parece se limitar a Donald Trump, cheirar pó, jogos ilegais na Bolsa e gastar seu dinheiro em tudo que é possível gastar. Entretanto, por trás de seu charme e cortesia, se instala um monstro consumista e depravado. Bateman caça à noite novas vítimas, que parecem trocar suas vidas por dinheiro assim que aceitam entrar em seu luxuoso automóvel. Ele as estupra e as mata de diferentes formas. Suas ações são marcadas pelo sexo e pelo sangue jorrado em toda parte. Em todo decorrer do longa, ele é indiferente, frio e calculista, além de precisar estar sempre à cima de qualquer um pela sua astúcia ou materialismo. Quando isso não acontece, seus colegas começam a se tornar seu principal alvo. Confira o trailer do filme aqui


O longa-metragem Precisamos Falar Sobre o Kevin (2012), de Lynne Ramsay, é baseado no livro de
Lionel Shriver e aborda o psicopata em sua forma mais original da palavra. Aquele que têm distúrbios mentais graves, seja por fator cerebral/biológico, traumas neurológicos, predisposição genética e traumas na infância. A história é contada em volta de Eva Katchadourian (Tilda Swinton), que mora em uma cidade pequena e contém um desejo comum: ter um bebê. Assim, realizando seu pedido, ela e seu marido Franklin (John C. Reilly) formam uma família com Kevin. Porém, o garoto desde muito novo não apresentava nenhum apego ou afeto, exceto com o pai. Com bastante uso do simbolismo, como a cor vermelha sempre presente, o filme se desenrola de um modo não-linear, revelando os fatos aos poucos, deixando o expectador ansioso e curioso. O filme também debate sutilmente a questão do machismo, da culpa descabida da sociedade sobre a mãe. Alternando cenas do passado e do presente, Precisamos Falar Sobre o Kevin é uma obra forte, angustiante e perturbadoramente fantástica. Confira o trailer do filme aqui.


Por Helena Bianchi Góes
Edição: Isabela Bandeira

quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Próximos capítulos

Última cena: o vilão é derrotado, o mocinho vence, a princesa casa, o doente fica curado e o mundo é salvo. Finais evidentes, mas muitas vezes com aquela vontade de “quero mais”. Com o sucesso dos livros, histórias em quadrinhos e das séries televisivas, em que as narrativas são continuadas ao longo de volumes e temporadas, Hollywood decidiu adotar a fórmula e a investir nas sagas. 

Correndo o risco de se tornarem verdadeiros desastres, não são todas as continuações que conseguem satisfazer seu público, mantendo-os fiéis até o final. Há quem assista apenas a primeira parte, há quem não perca uma estreia. Há quem tenha assistido de trás para frente, há quem tenha ignorado todas as gravações. Primeiro, segundo, terceiro... Há filmes que parecem ser intermináveis (Velozes e Furiosos terá a sua sétima versão). Para todos os gostos, grandes continuações estão com estreia prevista para os próximos meses. Desastre ou sucesso, não se sabe. Só sabemos que virão. Confira um pouco do que está por vir.


Jogos Vorazes: Em Chamas
Lançamento: Novembro/2013 
Direção: Francis Lawrence 
Elenco: Jennifer Lawrence, Josh Hutcherson, Liam Hemswoethmais, Elizabeth Banks, Lenny Kravitz
Gênero: Ação 
Após confrontar-se com a organização dos “Jogos Vorazes”, espécie de reality show em que um adolescente de cada distrito de Panem, deve lutar com os demais até que apenas um saia vivo, Katniss, a jovem escolhida na primeira parte da saga para lutar por sua vida, decide enfrentar o governo local, batalhando pela sobrevivência de toda a população. 
Confira o trailer aqui. 


O Hobbit: A Desolação de Smaug
Lançamento: Dezembro/2013 
Direção: Peter Jackson Elenco: Martin Freeman, Ian McKellen, Andy Serkis, Richard Armitage, Aidan Turner
Gênero: Aventura 
Continuação da obra de J.R.R Tolkien, mesmo escritor da famosa trilogia “O Senhor dos Anéis”, o filme continuará narrando a história de Bilbo Bolseiro, um hobbit que tentará recuperar o tesouro tomado pelo dragão, Smaug, ao mesmo tempo que se depara com o anel de poder possuído por outra personagem. Para os fãs, a história se passa antes da trilogia “O Senhor dos Anéis”.
Confira o trailer aqui


300: A Ascensão do Império
Lançamento: Março/2014 
Direção: Noam Murro 
Elenco: Eva Green, Sullivan Stapleton, Jamie Blackley, Rodrigo Santoro
Gênero: Épico 
O prefácio de 300 terá Xerxes como personagem principal e mostrará um pouco de suas batalhas antes de se deparar com os 300 espartanos.
Confira o trailer aqui


O Espetacular Homem Aranha II
Lançamento: Maio/2014 
Direção: Marc Webb 
Elenco: Andrew Garfield, Emma Stone, Jamie Foxx, Dane DeHaan
Gênero: Ação 
Sequência de O espetacular Homem-Aranha, o disfarçado herói Peter Parker enfrenta novos vilões ao mesmo tempo em que mantém um relacionamento com Gwen Stacy.
O trailer do filme ainda não está disponível.




Por Helena Salgado
Edição de Isabela Bandeira

domingo, 30 de junho de 2013

Os universos de Ginger e Rosa

Com a onda de protestos no Brasil, é quase impossível não pensar em revolução e nas mudanças que a civilização pode gerar colocando pautas políticas em prática. O desejo de trazer tais mudanças, no entanto, não é nenhuma novidade. Não é novidade atualmente e nem, provavelmente, em um passado onde impor-se diante de um grupo era sinônimo de correr riscos. É o que Sally Potter, diretora, roteirista e compositora britânica ilustra em Ginger & Rosa (2012).



Ginger e Rosa são adolescentes que vivem, constantemente, à procura de uma vida melhor do que a de suas mães, domésticas e devotas de seus maridos. Em período de Guerra Fria, além de lidarem com dramas familiares e questionamentos pessoais, elas tomam a decisão de fazer algo a respeito da Crise dos Mísseis de Cuba, que pode acabar com toda a humanidade e espécie humana. É na busca pela conscientização mundial, que as inseparáveis amigas enfrentam um contraste de interesses: Rosa apoia o seu medo de um possível apocalipse na religião e na procura de um amor eterno (que, ao decorrer do filme, é revelado como o pai da própria Ginger). Ginger tenta unir forças para participar de uma revolução, mas os frequentes problemas familiares e a pressão para tornar-se uma mulher madura, fazem com que a bomba pela qual tanto se preocupe em explodir esteja dentro de si mesma.

Ginger & Rosa é um filme que mescla o drama de um indivíduo dentro e o de uma sociedade em ponto de ebulição. Além de apresentar o contexto histórico de uma Inglaterra pavorosa, Sally Potter faz questão de enfatizar o dilema pelo qual a maioria dos jovens britânicos enfrentava na década de 60: qual ideologia (e de qual parte do mundo?) eu devo seguir? Pelas vias de quais comportamentos eu devo seguir? A religião basta? São questionamentos, aparentemente, básicos que os próprios personagens fazem ao enrolar do filme e que, em momento algum, são respondidos. Se a intenção de Sally era deixar um “quê” na cabeça de cada espectador, fazendo com que ele reflita sobre o desfecho, ela atingiu o objetivo.


Com a incrível atuação de Elle Fanning, Alice Englert, Christina Hendricks e Alessandro Nivola. Ginger & Rosa foi indicado a Melhor Filme no Festival de Cinema de Londres no ano de 2012, com direção de Sally Potter. Destaque especial para a fotografia de Robbie Ryan. 



por Isabela Bandeira

sexta-feira, 21 de junho de 2013

Além da vingança

Em meio a tantas manifestações e gritos por justiça, diferentes bandeiras, discursos e ideologias são discutidas. São razões variadas que se convergem em um mesmo símbolo, em um mesmo rosto. Que rosto seria este? Teria alguém por trás desta feição? Quem seria esta pessoa? Pouco importa.
A famosa máscara de Guy Fawkes

Dirigido por James McTeigue, “V de Vingança”, ou “V for Vendetta”, em título original, foi estrelado em 2006 por Natalie Portman, Hugo Weaving, Stephen Rea, dentre outros, e têm inspirado jovens que dizem lutar pela justiça e buscar maior  liberdade.



Narrada em um futuro próximo, a história é marcada pelo sorriso irônico do mascarado Anonymous. Em uma Londres totalitária, o personagem carismático, que atende pelo codinome V. (Hugo Weaving), busca libertar o país do atual regime, por meio da violência, causando uma verdadeira revolução na capital inglesa.

No filme, "V" não busca somente por vingança
Classificado como suspense, o filme foi inspirado na série de história em quadrinhos “V for Vendetta”, de Alan Moore. Desde o seu lançamento, foi assistido e debatido por muitas pessoas, além de apresentar críticas gerais, em sua maioria, positivas. A busca pela inquietude do espectador se soma ao conjunto de enigmas que constituem desde a produção visual da obra, até mesmo o nome das personagens. Junto a estes detalhes, algumas modificações na história original adaptaram o roteiro, tornando-o mais atual, possibilitando a identificação entre épocas diversas.



Caso ainda não tenha visto o filme, confira o trailer:


Texto: Helena Salgado
Edição: Isabela Bandeira

quinta-feira, 20 de junho de 2013

Corpo, voz e mente (parte II)

O ator e o diretor de cinema na construção do personagem


No cinema, posso ver tudo de perto, e bem visto, ampliado na tela, de modo a surpreender detalhes no fluxo do acontecimento dos gestos (...) para que o espetáculo do mundo se faça para mim com clareza, dramaticidade e beleza.

Ismail Xavier


Com seu surgimento nas experiências de pioneiros como Louis Lumiére, o cinema registrava a vida e o habitual. Pessoas comuns, operários de uma fábrica, chegadas e partidas em uma estação ferroviária.  Cenas cotidianas que impressionavam os espectadores pelo fato de estarem registradas, mas não demorou a que se começasse a explorar o potencial ficcional que esta arte permitia.
 Assim, como no teatro, o cinema começava a se exibir através das faces daqueles que dedicam sua vida à arte da interpretação. No entanto, o ator teve de se adaptar, transformar seus gestos expressivos e grandiosos que tinham como único fim o olhar de sua plateia, para gestos que se tornariam recortados pelos olhos da câmera. Ismail Xavier, teórico e professor de cinema brasileiro, em sua obra "Olhar e a Cena" diz que:

"Com o cinema, a percepção humana ganhou um acesso especial à
intimidade dos processos - nele, a aparência é já uma análise. O close-up não é
o lugar do fingimento, é uma presença que revela o que se é, não o que se
pretender ser (inúteis as caretas dos atores)."

O plano close up, ou simplesmente close, é caracterizado pelo enquadramento de câmera fechado em um único assunto ao qual se quer chamar atenção, usualmente o rosto de uma pessoa. Este é sem dúvida o enquadramento que mais expõe um ator em cena, a escolha destes cortes, assim como do desenvolvimento do personagem é dada pelas mãos do diretor.
Para Luciano Coelho, cineasta curitibano e coordenador do projeto de pesquisa audiovisual Olho Vivo, a criação de um personagem no cinema se dá pelo desenvolvimento das cenas, que foram definidas no roteiro e também no trabalho entre diretor e ator. “Eu acho que o personagem começa a ser criado no roteiro, e termina de ser construído, tanto pela maneira que o diretor encara esse personagem, como também na maneira como o diretor ajuda o ator a construir o personagem”, explica.

Sobre este processo de construção do personagem, o ator  paulistano Horley Lopes, que atuou no curta “Irreversível” e em várias publicidades, separa os diretores em dois gêneros: “Existem diretores pacíficos e outros com o personagem já pront9o em sua mente. Quando ele é pacífico você cria da sua forma e ele só faz alguns ajustes. Agora, quando ele quer o personagem da sua forma, ele vai te repassando e você vai criando, e ele vai moldando”.


Anne Hathaway em "Os Miseráveis": o close é imperceptível

Extrair do ator as emoções competentes a cada cena e leva-lo a perceber os objetivos de cada momento dentro da história são alguns dos desafios do diretor, a forma de se fazer isso varia com cada profissional. Para Coelho, o diretor irá lidar com seus atores de acordo com a junção de seus estudos e também da forma como ele interage com os outros no seu dia a dia. “Um diretor não deixa de ser quem ele é quando ele lida com os atores, a forma que você lida com as pessoas é como você vai falar com os seus atores. A direção do ator é um fruto do estudo e das relações humanas,  nós aprendemos a lidar com o ser humano no dia a dia, saber como ele funciona. E acabamos levando isso para o processo de preparação de atores e para a direção no set”.

O teórico Imail Xavier, em uma palestra realizada no Museu de Arte Moderna no Rio de Janeiro apresenta essa importância do diretor na colocação de significados para os atores, pois apenas desta forma seria possível uma atuação que realmente tivesse sentido. “Desde que a câmera esteja presente as pessoas fazem teatro, ou seja, desde que a câmera esteja presente representamos algo, deixando de ser um mero registro e tornando-se cena”, diz. Horley Lopes vê como uma das maiores dificuldades na atuação a falta de conexão com o personagem. “As grandes dificuldades são quando ele (o personagem) é muito diferente de você, pois sair e voltar ao seu cotidiano todo dia é difícil, mas enquanto não há conhecimento de verdade sobre o personagem, será muito mais complicado. Agora, quando você tem conhecimento da ideia do diretor e toma conhecimento do personagem, se torna tudo mais fácil...”.

Uma Thurman e Quentin Tarantino no set de "Kill Bill vol. 1"

No cinema, um obstáculo para os atores é a ordem das gravações, que dificilmente se dá de forma cronológica. “É comum no primeiro dia filmar uma cena do final do filme e aí o começo você vai fazer lá no final das filmagens, então pelas filmagens serem muito picotadas o ator precisa saber exatamente qual o estado de espírito do personagem naquela cena que ele vai filmar no dia tal”, explica Luciano Coelho. O cineasta também destaca a fragilidade de usar o próprio corpo para criação, já que muitas vezes ficamos desconfortáveis com nosso próprio corpo. “Imagine quando você escuta sua voz em um gravador, e diz: que voz horrorosa, essa não pode ser minha voz. O ator tem que aprender a trabalhar com isso. O ator cumprindo o seu papel de interpretação é um ser muito frágil, o diretor precisa ser a referência do ator para aquilo que ele está fazendo, porque ele usa a própria imagem a própria voz, com os seus gestos, então ele está em um constante estado de fragilidade”, completa.


Texto: Hellen Albuquerque
Reportagem: Natalia Concentino e Eva Manzana
Edição de imagens: Isabela Bandeira

sexta-feira, 14 de junho de 2013

Aniversariante do Mês

A americana Mary Streep irá fazer aniversário no dia 22 deste mês, completando assim 64 anos. Dedicada, é conhecida pelo perfeccionismo ao interpretar seus personagens. Não é a toa que é hoje uma das atrizes mais premiadas de todos os tempos. Ela nasceu e cresceu em Bernardsville, Nova Jersey, junto a sua mãe (Mary Louise), seu pai (Harry William) e seus dois irmãos mais novos (Dana e Harry). Quando criança, seu pai costumava tocar piano, enquanto sua mãe cantava. O pai de Meryl morreu em 2004 e a mãe em 2001. Na adolescência, a estrela do cinema já mostrava seu brilho. Participava de produções organizadas na Bernard High School, além de ser a melhor aluna da sala, ser chefe das líderes de torcida e escolhida a rainha do baile de formatura. Graduou-se em artes dramáticas por três universidades diferentes: Vassar, Datmouth e Yale (onde integrou o elenco de pelo menos 40 peças teatrais, dos mais variados autores como Shakespeare, Tchecov, Tennesse Williams e Brecht). Estudou também música e ópera.
Sua estréia no cinema aconteceu em Julia (1977), de Fred Zinnemann, mas alcançou sua fama pela série de televisão Holocausto e o filme The Dear Hunter, onde atuou ao lado de Robert DeNiro. Em 1978, Streep se casou com o escultou Don Gummer, com quem teve quatro filhos. No mesmo ano, recebeu seu primeiro Óscar de melhor atriz secundária e em Kramer vs. Kramer. Em seguida, The French Lieutenent´s Woman (1979) conquista o Óscar de melhor atriz principal. Aqui no Brasil, foi conhecida pelo filme The Devil Wears Prada. Além de suas incríveis interpretações para o drama, também foi reconhecida por sua capacidade de imitar vários sotaques, do italiano ao dinamarquês, com perfeição. Para fazer Sophie’s Choice, chegou a aprender polonês e alemão. No início da carreira, recebeu uma carta de Bette Davis, onde dizia que sentia que ela iria ser sua sucessora como uma das maiores atrizes americanas. Desde então, Streep continuou participando de, no mínimo, um filme ao ano até hoje. Trabalhou ao lado de grandes artistas, como Jack Nicholson, conquistando assim uma estrela na Calçada da Fama, em Hollywood.
Meryl Treep é recordista de indicações de Oscars na categoria. Teve 17 indicações e 3 ganhos (Kramer vs. Kramer, The Iron Lady e Sophie’s Choice). Meryl superou os recordes de Bette Davis (dez indicações) e Katharine Hepburn (12 indicações), pessoas as quais são admiradas pela atriz. Tem no total de prêmios 112 ganhos e 215 indicações. No entanto, nunca mostrou prepotencia e, pelo contrário, gosta de ter uma vida simples, sem luxos extravagantes.
Já está anunciado seu novo filme, que estréia ano que vem: Into the Woods, de Rob Marshall. Um filme da Disney em que Treep irá interpretar o papel de uma bruxa de contos de fadas. O longa-metragem irá também contar com a presença de Johnny Deep, Jake Gyllenhaal e Chris Pine.

terça-feira, 21 de maio de 2013

Ilusionista não classificável


O que para alguns não passa de um nome desconhecido, para quem se deixa aprofundar pelo mundo dos fotogramas, é mais do que uma figura de prestígio, é uma grande influência.
Além de dançarina, coreógrafa, poetisa, escritora e fotógrafa, Maya Deren é elevada nas mais prestigiosas escolas de cinema do mundo como teórica e realizadora cinematográfica, ao nível de grandes diretores como Jean Luc Godard e Sergei Eisenstein.

Com o intuito de fugir do padrão americano e inspirar as gerações que viriam a surgir, Maya teve papel fundamental no surgimento e na evolução do cinema experimental. Embora tenha colaborado com Marcel Duchamp na produção de um filme nunca finalizado, “Witch’s Cradle”, que explorava os objetos que estavam  no museu Guggenheim, Deren rejeitava a categorização de seus filmes como Surrealistas. Para ela, seus trabalhos eram evasios e não classificáveis.

Nascida em uma abastada família judaica, em 29 de abril de 1917, em Kiev, Ucrânia, seus pais a nomearam Eleonora, em homenagem a uma reconhecida atriz italiana da época, Eleonora Duse.
Quando pequena, com apenas 5 anos de idade, a proximidade política de seu pai com o revolucionário Leon Trotsky, e as constantes ameaças anti-semitas no país, a família, agora empobrecida, se viu forçada a fugir da União Soviética. Após atravessarem o oceano, se estabeleceram em Siracusa, Estados Unidos, onde mais tarde se tornaram oficialmente norte-americanos.

Após completar seus estudos em Genebra, Suíça, durante sua adolescência Eleonora estudou Jornalismo e Ciências Políticas na Universidade de Siracusa, iniciando seus primeiros contatos com o mundo do cinema. Durante sua vida, marcada por 3 casamentos, Eleonora, que propositalmente passou a assinar suas produções como Maya, também nome da mãe de Buda cujo significado remete à “ilusionista”, possui em seu histórico uma extensa filmografia.
Após a sua primeira separação, morando em Nova York, Deren trabalhou como assistente da dançarina e coreógrafa Katherine Dunham. Com as apresentações ao redor do país, conheceu, em Los Angeles, o cineasta tcheco Alexander Hammid, com quem se casou e produziu, em 1943, “Meshes of the Afternoon”. Filmado com uma câmera 16mm, comprada com o pouco dinheiro que havia herdado de seu pai, a obra “Meshes of the Afternoon” é tida como um marco para o cinema experimental, apontada como essencial para as produções de vanguardas americanas que viriam a surgir.
Cenas do filme Meshes oh the Afternoon (1943)
A história de uma mulher (Maya Deren), presa em seu cotidiano doméstico, atormentada por visões, cria uma atmosfera paranoica. Carregada de significados, a pequena produção é marcada por sons ambientes e desprovida de qualquer comunicação entre as personagens (Maya Deren e seu marido, além de produzirem, são atuantes).
 Inspirada na montagem rítmica de Eisenstein, a obra envolve o espectador através de uma narrativa que foge dos padrões clássicos, criando um ritmo próprio, resultando em uma experiência jamais assistida e sentida até o momento.
Com o passar dos anos, outras de suas obras passaram a caracterizá-la, e a receber destaque. Premiada pela Fundação Guggenheim e pelo Festival de Cinema de Cannes, Maya veio a falecer com apenas 44 anos, em 1961, enquanto morava no Japão.
Na época, especulações sobre a verdadeira causa de sua morte foram relacionadas com o seu envolvimento em rituais vudus. O que jamais se dicutiu foi a certeza em relação as sua inovações, que continuam a fascinar e a inspirar cineastas contemporâneos.

Filmografia:
  • Witch’s Cradle (1943)
  • Meshes of the Afternoon (1943)
  • At Land (1944)
  • A Study in Choreography for the Camera (1945)
  • Ritual in Transfigured Time (1946)
  • Meditation on Violence (1948)
  • The Very Eye of Night (1958)
  • Divine Horsemen: The Living Gods of Haiti (1985)



Texto: Helena Salgado
Pesquisa: Natalia Concentino
Edição de imagens: Isabela Bandeira